Embrapa: nanossensor de ouro testa qualidade de queijos

A Embrapa e a Universidade Estadual do Ceará (Uece) patentearam um novo eletrodo com nanopartículas de ouro para testes de qualidade na indústria alimentícia.

Apesar de conter partículas do metal nobre, o nanossensor viabiliza análises mais eficientes, simples e de baixo custo sobre a presença de agentes biológicos em diversos produtos, entre eles o queijo e torta de mamona.

A inovação, produzida por impressão, está disponível para parceiros com interesse em desenvolver esses tipos de dispositivos comercialmente. O eletrodo destina-se à construção de biossensores eletroquímicos e de sensores eletroanalíticos com ampla aplicação em alimentos, meio ambiente e saúde, entre outros.

O implemento já foi testado com sucesso na confecção de biossensores para detecção de enterotoxinas em queijo e de agentes tóxicos em torta de mamona, que é usada para nutrição de bovinos.

Mas sua aplicação pode ser estendida para o desenvolvimento de sistemas de detecção de quaisquer agentes biológicos como enzimas, microrganismos, antígenos, anticorpos, entre outros.

De fácil fabricação, a peça é produzida por impressão de tinta de carbono em superfície plástica, pela técnica de screen printing ou silk-screen, que já é empregada com sucesso na fabricação desse tipo de dispositivo.

Os pesquisadores conseguiram aumentar a eficiência a partir de uma inovação de eletrodeposição de nanopartículas de ouro. As nanopartículas aumentam a área de contato com a substância de interesse, favorecendo a reação eletroquímica.

O método utilizado para produção proporcionou um aumento considerável da condutividade, transferência de elétrons e, ainda, da sensibilidade analítica.

Uma das inventoras, a pesquisadora Roselayne Furtado, da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), afirma que o processo de eletrodeposição das nanopartículas de ouro é mais simples e eficiente que os tradicionais.

“A tecnologia possibilita a produção em massa de eletrodos a um custo extremamente baixo”, complementa o professor Carlúcio Roberto Alves, da Universidade Estadual do Ceará.

Ele pontua que o processo patenteado pode ser usado em qualquer laboratório e, ainda, apropriado para produção de eletrodos descartáveis.

Conforme o professor, o dispositivo pode ser utilizado para desenvolver biossensores e sensores com um amplo potencial de aplicação, desde a indústria alimentícia, monitoramento de meio ambiente ou na área de saúde, por exemplo.

A patente foi concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em julho deste ano. No início do ano, foi concedida uma outra patente para uso em um biossensor na detecção de ricina em torta de mamona.

O professor explica que as nanopartículas de ouro desempenham papel especial no aumento do sinal eletroquímico e no aumento da porção de biomoléculas imobilizadas na superfície. Uma das etapas de produção do eletrodo é o tratamento com um sal, que melhora o desempenho eletroquímico.

Queijo e ração

O eletrodo “de ouro” já foi testado para detectar rapidamente a presença de enterotoxinas estafilocócicas em queijos. Essas substâncias são proteínas produzidas por Staphylococcus aureus – bactéria envolvida em surtos e casos de intoxicação.

O equipamento mostrou-se eficiente na rápida detecção da enterotoxina, o que o qualifica como alternativa às técnicas tradicionais, que envolvem procedimentos demorados, equipamentos e reagentes caros e até marcadores biológicos nocivos.

O biossensor também apresenta vantagens quando comparado a testes rápidos já disponíveis, por ser uma tecnologia nacional e mais barata.

Já quanto à mamona, a proposta é a detecção de ricina em torta de mamona submetida à processo de destoxificação. O processo é útil para agregar valor à torta de mamona, resíduo da produção de biodiesel que apresenta grande potencial para utilização como insumo na pecuária.

Porém, para ser usada como ração bovina, precisa passar por um processo de destoxificação, devido a presença de ricina, uma proteína muito tóxica ao homem e aos animais, e por análises mais frequentes.

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