Forma de produção artesanal deve ganhar mais reconhecimento internacional, o que vai agregar valor ao produto mineiro e atrair turistas para as cidades produtoras.
O queijo produzido em Minas Gerais está perto de ganhar mais um título internacional. O Governo do Estado está com a candidatura ativa para que a forma mineira de fazer o Queijo Minas Artesanal se transforme em Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.
Durante uma visita do vice-governador Mateus Simões a Paris, na última sexta-feira (3), a embaixadora Paula Alves de Souza, delegada permanente junto à Unesco, disse acreditar em um parecer positivo. O resultado deve sair até o fim do próximo ano.
“Esse reconhecimento tem como objetivo valorizar o queijo, a gente tem a expectativa das pessoas pagarem um pouco mais pelo produto artesanal e ainda há a possibilidade de aumentar o turismo rural,” explica o presidente da Comissão Técnica de Queijo Minas Artesanal do Sistema Faemg Senar, Frank Mourão Barroso.
Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), atualmente existem 8.811 estabelecimentos destinados à produção dos diversos tipos de queijos artesanais no Estado.
Neste grupo, o destaque é o Queijo Minas Artesanal. São 3.103 agroindústrias em Minas Gerais. A produção estimada é de 21,8 mil toneladas por ano, o que representa 65,2% da produção dos queijos artesanais das agroindústrias familiares.
Um desses produtores artesanais é Ewerton Almeida, que produz queijos especiais na Fazenda Braúnas, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha. A fazenda existe há cerca de 200 anos e a produção de queijos começou há algumas décadas com o pai de Ewerton, que era conhecido como Juca Abaeté. A produção era bem pequena, apenas para o consumo familiar.
“Meu pai extraía e vendia ouro e diamante, também comercializava gado, e fazia isso tudo em cima do lombo do cavalo. Ele sempre produzia o queijo e era uma das merendas dele, era queijo com farinha de milho ou com rapadura. Ele colocava numa bolsa atrás do cavalo e o queijo ficava ali por vários dias. E quando ele podia, parava e comia aquele queijo cremoso com uma boca muito boa. Isso era a base da alimentação dele”, conta Ewerton.
Somente em 2018, a família começou a comercializar o Queijo Minas Artesanal da Casca Florida, que tem o reconhecimento da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais. E deu tão certo que a fazenda virou até um ponto de turismo rural na região.
“Nós aqui contamos toda a história da fazenda, de como tudo começou. Além de conhecer toda a ordenha, o modo de tirar o leite e a forma de fazer o queijo, o turista tem a oportunidade também de degustar o queijo em várias fases de maturação. Logo após nós servimos um café colonial na frente da fazenda e o turista vai ter a oportunidade também de experimentar quitandas, bolos, doces, pão de queijo, tudo feito com o nosso queijo”, afirma o produtor.
E o Queijo Minas Artesanal também faz bastante sucesso nas casas especializadas em produtos mineiros em Belo Horizonte. No Empório Nacional, no bairro Gutierrez, região Oeste da cidade, há diversas opções de queijos especiais e muita gente gosta de comprá-los para degustar em ocasiões especiais ou presentear os familiares e amigos.
“Várias pessoas compram para dar de presente. Em períodos de festas, como no mês de dezembro, as vendas aumentam bastante”, afirma Aracy Bicalho, proprietária da loja. Uma peça inteira do premiado “Queijo do Johne”, por exemplo, custa R$ 135. Ele é um Queijo Minas Artesanal da microrregião da Serra da Canastra. Mas há outras opções de muita qualidade e com preços mais baixos na loja, como o queijo canastra meia cura, vendido a R$ 43,90 o quilo.