Produto com mais de 200 anos de história, o Queijo Artesanal Serrano, cujo modo de fazer, passado de geração em geração, recentemente se tornou patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul, foi tema do 5º Simpósio Interestadual realizado na quinta-feira (14/11), no CTG Presilha do Rio Grande, em Bom Jesus. O evento foi promovido pela Emater/RS-Ascar, Prefeitura e Epagri/SC.
Além de um ato festivo de anúncio desse registro para a comunidade dos Campos de Cima da Serra, a programação contou com o Concurso Interestadual de Queijo Artesanal Serrano, entrega de certificados de inclusão no Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf) para as queijarias Caminhos das Tropas e Rincão Comprido e para a agroindústria de farináceos Sabor da Mata, palestras e painel. Os temas abordados foram a operacionalização do “Selo” da Indicação Geográfica (IG), pelo engenheiro agrônomo Teobaldo Kroth, diretor de Cooperativismo e Desenvolvimento Rural do Estado de Santa Catarina, nivelamento da legislação sanitária para queijos artesanais e concessão do Selo Arte, com Roberto Lucena, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), e Ismael Horbah, da Famurs, e a atualização em pastagens hibernais e estivais para os Campos de Cima da Serra, com o engenheiro agrônomo Ulisses de Arruda Córdova, pesquisador da Epagri/SC. Um dos encaminhamentos foi a criação de um Fórum para discussão de uso da IG para esclarecer conselheiros e usuários, uma vez que isso ainda é muito novo.
Estiveram presentes o gerente regional da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, Gilberto Bonatto, e a extensionista Luana Machado, representando o presidente Luciano Schwerz, além da prefeita de Bom Jesus, Lucila Maggi, do diretor das agroindústrias e agricultura familiar da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), Flávio Smaniotto, representando o secretário Vilson Covatti, e do diretor Gabriel Fogaça, além de representantes da Ufrgs, Epagri/SC, Mapa, Iphae, associações de produtores, instituições financeiras, deputados, secretários municipais e vereadores, entre outros.
“De 20 e poucos anos para cá, o Queijo Artesanal Serrano saiu da marginalidade para estar nos melhores holofotes hoje a nível de Brasil, e isso é um trabalho incansável dos nossos técnicos da Emater, que contribuiu muito para que o produto pudesse chegar no padrão que se encontra hoje”, salientou o gerente regional da Emater/RS-Ascar. Bonatto afirmou a intenção de rediscutir, reforçar e buscar novas parcerias para poder dar continuidade ao projeto de qualificação do queijo artesanal serrano, pela importância econômica, cultural, ambiental e social do produto, que envolve mais de mil produtores.
O trabalho desenvolvido pela Emater/RS-Ascar com o queijo serrano também foi reconhecido pela prefeita, deputados, representantes da SDR e produtores presentes. Smaniotto, diretor das agroindústrias e agricultura familiar da SDR, parabenizou os produtores que mantiveram essa tradição, passando a receita de geração em geração e possibilitando a sucessão rural, que é muito importante, e ressaltou que os produtores vendem não só um queijo de qualidade, mas uma história muito bonita e única.
Os eventos integraram a programação da 16ª Festa da Gila e 9ª Festa do Queijo Artesanal Serrano, que encerrou no domingo (17/11).
Concurso
A fim de valorizar e premiar os melhores queijos, fortalecer a cultura de consumo e estimular os produtores a realizarem o melhoramento contínuo do processo de produção, foi realizado o Concurso Interestadual de Queijo Artesanal Serrano, que contou com 15 participantes.
Um júri técnico, composto por representantes da Emater/RS-Ascar, Mapa, SDR, Ufrgs, Epagri e agroindústria de queijos, avaliou aspectos como aparência, aroma, textura e sabor. Os vencedores foram as queijarias Chácara das Pedras, de Bom Jesus (1º lugar), Sopro do Minuano, de São Francisco de Paula (2º lugar), e Bolicho do Chapéu, de São Francisco de Paula (3º lugar). Também foi escolhido como melhor queijo, pelo júri popular, a queijaria Dico Borges, de Jaquirana.
O médico veterinário João da Luz, extensionista rural da Emater/RS-Ascar que coordenou o concurso, destacou o avanço que houve na qualidade dos queijos apresentados desde os primeiros concursos, e uma novidade neste ano, o feedback que será dado a cada produtor participante. “Além da premiação, que todos querem, o concurso é um aprendizado para os produtores, é tipo uma consultoria gratuita que pessoas especializadas fazem para eles. Os avaliadores fizeram um resumo de cada queijo, do que eles acham, do que está bom e do que poderia melhorar, sempre no sentido ajudar a qualificar o produto”, enfatizou.
O produtor Alexandre Deliz, da queijaria Chácara das Pedras, também enalteceu a qualidade dos queijos produzidos na região e a satisfação com a conquista da premiação. “A gente fica muito feliz por ter um produto de singular sabor, junto com outros produtos do mesmo patamar. Queijo serrano bom é aquele que se vende, porque troféu enfeita a nossa prateleira, mas o que nos alegra é o produto sendo consumido e o dinheiro voltando pro bolso”, afirmou Deliz, ressaltando a importância da Emater/RS-Ascar em todo esse processo. “Na verdade não existiria queijo artesanal serrano, regulamentado e com lei, se não houvesse a mão da Emater sustentando o produtor dos Campos de Cima da Serra. O apoio da Emater foi fundamental para que o produtor desse seguimento nessa arte centenária”.
Novo gerente adjunto
Durante o Simpósio, também foi feito o anúncio do novo gerente regional adjunto da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul. O extensionista rural do escritório de Bom Jesus, Orlando Júnior Kramer Velho, que coordena o trabalho com o queijo artesanal serrano na região, assume o cargo ao lado do gerente regional Gilberto Bonatto. Júnior atua na Emater/RS/Ascar há 21 anos, dos quais 20 foram em São José dos Ausentes.
Crédito foto: Rejane Paludo – Emater/RS-Ascar