Duas queijarias gaúchas receberam o registro de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Denominação de Origem (DO), dos Campos de Cima da Serra ao Queijo Artesanal Serrano. A Queijaria Pelizzari, de Bom Jesus, e a Queijaria Vovô Manoel, de São José dos Ausentes, obtiveram o reconhecimento durante a Festa Nacional da Maçã, em São Joaquim (SC), na última semana. O selo indica que este é um produto único no mundo produzido na região. Esta é a primeira IG nessa modalidade DO para queijos nacionais.
“Para nós é muito importante. Vai valorizar o nosso produto e aumentar a nossa comercialização”, comemora Celso Pelizzari, da Queijaria Pelizzari. “Foi uma caminhada muito longa até chegar aqui. Foram 26 anos de produção e, neste período, teve o processo de regularização do produto”, conta. O queijo é uma tradição que passou de geração para geração. Agora, o próximo passo é a conquista do Selo Arte pelo empreendimento familiar.
Representando a Queijaria Vovô Manoel, Tayline Bitencourt, filha de Cladecir Bitencourt e Joice Oliveira, celebra o reconhecimento conquistado pelo trabalho dos pais, iniciado há 18 anos. “Foi uma luta, desde a criação da Associação dos Produtores de Queijo e Derivados do Leite dos Campos de Cima da Serra (Aprocampos), a união dos produtores gaúchos com os de Santa Catarina e que culminou no dia 8 de setembro com o tão esperado e sonhado IG”. Segundo ela, o registro vai beneficiar muito a atividade e agregar mais valor ao produto que é produzido de forma tradicional desde a época dos avós, em casas de madeira.
O coordenador do Projeto do Queijo Artesanal Serrano da Emater no Rio Grande do Sul, Orlando Júnior Kramer Velho, explica que a conquista da IG foi construída em conjunto pela Emater/RS-Ascar, pela Epagri de Santa Catarina e pelas associações de produtores de queijo serrano que fundaram a Federação das Associações de Produtores de Queijo Artesanal Serrano dos Campos de Cima da Serra do RS e de SC (Faproqas). Segundo Kramer Velho, o processo começou em 2017 e a IG foi concedida em 2020 para 18 municípios de Santa Catarina e 16 do Rio Grande do Sul. Em função da pandemia, somente agora os empreendimentos estão conseguindo obter os registros.
O que se espera com a IG, destaca Kramer, é mais um fator agregador de valor de um produto pela sua nobreza, territorialidade e notoriedade, que faz do queijo serrano um produto exclusivo dos Campos de Cima da Serra. “É um produto que tem particularidades regionais de cultura, geografia, história, receita, aspectos de campo e de raças de gado”, destaca o coordenador do projeto. Além dos dois produtores gaúchos, um produtor do município de Bom Retiro, em Santa Catarina, também recebeu o registro.
O queijo artesanal serrano é feito com leite cru de vacas de raças de corte ou mista, alimentadas com pastagens nativas, e tem maior percentual de gordura. A textura amanteigada, o aroma e o sabor que se acentuam com a maturação são algumas das características que o diferenciam dos demais queijos artesanais do Brasil.